Dieta “anti cancro”

           “Existe um cancro adormecido em todos nós… o nosso organismo produz constantemente células defeituosas. É assim que surgem os tumores. Mas o nosso organismo também está equipado com mecanismos que detectam e controlam essas células.”1 Esta é a forma que Sevan-Schreiber, Médico neuropsiquiatra descreve a sua maneira de ver o cancro. Através de resultados científicos esperançosos defende que os hábitos de vida saudáveis podem aumentar as nossas defesas naturais e assim prevenir o aparecimento de cancro ou melhorar a eficácia dos tratamentos e prolongar a vida. Também David Khayat, Médico e professor de oncologia, menciona “os nossos comportamentos alimentares, em sentido lato, são efectivamente responsáveis por bom número de cancros que desenvolvemos.” Ambos os médicos com vasta experiência profissional e pessoal na área do cancro, baseiam-se na opinião, comprovada pela comunidade científica, que os estilos de vida e padrões alimentares influenciam muito a nossa saúde, inclusive nas doenças oncológicas.
Sabe-se que “em todo o mundo o cancro mata mais não só de que a sida, mas do que a sida, a tuberculose e o paludismo juntos”2. Urge mudarmos alguns dos nossos estilos de vida e os hábitos alimentares são um desses aspectos a ter em consideração. O que comemos, como comemos, quando comemos, com o que comemos e como foi preparado o alimento fazem toda a diferença. Contudo, gostaria de reforçar a ideia que não existe nenhum género alimentar “milagroso” que, quando consumido, possa evitar o aparecimento de cancro, bem como outro que, quando suprimido da nossa alimentação, possa ter o mesmo efeito, até porque nem todos digerimos os alimentos da mesma maneira. O facto de não termos todos o mesmo metabolismo explica que, com o mesmo regime, uns emagreçam e outros não. Há que personalizar as opções alimentares caso a caso. Não obstante, existem orientações, com fundamento científico,  que são um bom ponto de partida para pôr em prática numa dieta anticancro:
- Evitar o excesso de espadarte, atum vermelho, solha e salmão, pela grande quantidade de metais pesados e tóxicos;
- Evitar o excesso de bebidas alcoólicas (em particular as espirituosas). Já em pequena quantidade (2 a 3 copos por dia) de vinho parecem ter efeito protector pela riqueza em resveratrol;
- O excesso de peso não é benéfico para a prevenção do aparecimento de cancro;
- Os grelhados e cozinhados na wok não devem ser feitos de forma diária, muito menos a temperaturas muito elevadas;
- Reforçar a cozinha com ervas aromáticas como o tomilho, os orégãos, ricos em óleos essenciais da família dos terpenos, que agem sobre uma grande variedade de tumores, reduzindo a propagação das células cancerosas ou provocando a sua morte.  Especiarias como a curcuma, pela sua riqueza em antioxidantes e propriedades anti-inflamatórias, desempenham ainda um papel antiproliferativo, antiangiogénico e antimetastático;
- O consumo de alimentos ricos em fibras alimentares deve ser presença obrigatória em todas as refeições, uma vez que estes nutrientes aceleram o trânsito intestinal e diminuem o tempo de contacto entre a mucosa intestinal e produtos potencialmente cancerígenos contidos na alimentação.

Não menos importante, não podia deixar de abordar duas outras recomendações:
- Deixar de fumar é uma medida fundamental. Em França só o tabaco é responsável por si só em 30% dos cancros;
- Praticar exercício físico regular, pelo contributo em aumentar o gasto energético, permite um melhor controlo do peso, entre outras vantagens.
A criação de hábitos alimentares saudáveis ao longo da vida pode ser promotor de uma vida com maior qualidade e mais prolongada. Efectivamente, hábitos alimentares saudáveis em conjunto com outros factores não menos importantes, como a cessação tabágica, contribuem muito para a prevenção não só de doenças cancerígenas, como de outras doenças, assim como contribuem para uma melhor recuperação quando estamos doentes. Por fim, importa perceber que, para esse efeito protector se verificar, há que ter cuidados, dia após dia e ano após ano, ao longo de toda a nossa vida.
1-  Servan-Schreiber, D. “Anti-cancro”. 2008.
2- Khayat, D. “O verdadeiro regime anti-cancro”. 2010.
Nota - imagem retirada daqui.

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